quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Farfalle com rúcula, tomate, leite de coco e gergelim

Tá, eu sei. Esse nome aí é invenção pura. Assim como o prato. Mas, gente, o que querem que eu faça se minha despensa não é lá muito ortodoxa?

Farfalle (borboleta) com rúcula, tomate, leite de coco e gergelim (para 3 neandertais com fome moderada)

1/2 pacote de farfalle grano duro
3 tomates maduros
1 maço médio de rúcula
1 vidrinho de leite de coco light
2 colheres de sopa de gergelim
2 alho
pimenta
gengibre (se você tiver)

Coloque a água do macarrão pra ferver. Não coloque o tradicional fio de óleo (o molho escorrega!). Quando a água ferver, comece a fazer o molho. Em uma frigideira funda, média (se tiver uma wok, é uma boa pedida), doure 2 dentes de alho laminados e umas fatias grossas de gengibre (eu normalmente retiro na hora de servir, então deixo pedaçudo, mesmo). Pique os tomates mui grosseiramente e dê uma refogada por uns 3 minutos. Rasgue a rúcula com as mãos e misture ao tomate. Abaixe o fogo e aguarde mais 3 minutos. Derrame por cima o leite de coco, o gergelim, acerte o sal e apimente do jeito que quiser (com coco, eu gosto é de uma pimenta arretada!). Jogue o macarrão para ferver e retire 2 minutos antes do tempo de cozimento ideal. Escorra (mas sem jogar água fria - que paralisa o cozimento) e jogue na frigideira com o molho. Aguarde 1 minutinho e sirva! Fica cremosinho, bom!
Fica bom também com hondashi (sabe aquele temperinho de arroz japonês?), camarãozinho seco (aí você coloca junto com o leite de coco) ou fresco (feito no vapor - coloque também com o leite de coco). Testem as variantes e me contem!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Do reino das pequenas felicidades: damasco e chocolate amargo

Esse aqui não é um blog de gastronomia. É mais uma válvula de escape culinária, um lugar pra encontrar coisas boas e confortáveis.
Hoje, de tão cansada, não consegui nem pensar em nada acontecendo na cozinha. Talvez seja uma pavorosa louça suja me assustando na pia, o cansaço de ter descido e subido a serra, as duzentas pendências. Ataquei uma sopinha de aveia, de pacote.
Mas o destaque da noite ficou pra essa bobagem que adoro: damascos com chocolate amargo. Corto um quadrado de um chocolate bom, coloco um damasco macio sobre ele e mordo amorosamente a dupla, depositando ali todo meu desgaste, minha necessidade de colo, meus prazeres desditos, meu desejo de bons sonhos.

domingo, 26 de setembro de 2010

Picardias: purêzinho de jiló

Hoje foi um daqueles domingos frios, em que a gente fica morrendo de fome (pra falar a verdade, isso não é privilégio de domingos, ou de dias frios!) e querendo fazer alguma picardia gastronômica. Eu optei por uma mineirice, herança da avó de uma das minhas melhores amigas. É um purêzinho de jiló, especialmente delicioso se acompanhado de um ovo frito, com gema mole. Eu sei, eu sei. O ovo não é muito light. Mas o purê, sim!

Purêzinho de jiló

500 g de jiló
4 dentes de alho
azeite
1/2 pimenta dedo de moça sem semente
1/4 limão
salsinha

Descasque o jiló e coloque-o em um recipiente com água e limão (pra não escurecer). Pique-os bem pequeninhos. Em uma panela, doure levemente os 4 dentes de alho e a pimenta, laminados. Coloque o jiló picadinho e refogue até que comece a amolecer. Se necessário, coloque aos poucos água, pra que o jiló derreta. O cozimento demora uns 20 minutinhos. Você pode abaixar o fogo, se o jiló soltar bastante água. Saber o ponto é fácil: tem de estar macio! Apague o fogo, acerte o sal, esprema 1/4 do limão, coloque um punhado de salsinha e regue com um fiozinho de azeite extra-virgem.

Se você for suficientemente abusado, vai fazer arroz branco ou comprar um pão francês quente. E usar e abusar do purêzinho de jiló... e do ovo frito!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Jururuzice: capeletti in brodo

Tem dias em que a gente precisa ser cuidado. Ser cuidado mesmo, não mimado. Dias em que a gente tem notícias realmente ruins, que fazem nossas picuinhas de trabalho, nossas solitudes melindrosas, o trânsito, o cheque especial, o cachorro do vizinho, soarem ridículos. Nesses dias, em geral, até quem é mais glutão perde a fome. Tudo fica pálido e insosso. Hoje foi um dia desses, mas não pra mim. E me vi com esse desafio, o de cuidar. E do cuidado se estender à comida, amorosamente, atentando em não invadir o paladar com nenhuma experiência perturbadora. Pensei em uma coisa macia, quente, confortável, sem pretensão alguma, sem receita fechada.

Capeletti in brodo (para 3 neandertais feridos)

1 pacote de capeletti seco ou fresco (tem um Renata, de carne, pacotinho azul, seco, bem bom pra brodo)
1 peito de frango com osso, sem pele (ou 1 sobrecoxa grande)
1 cebola
3 dentes de alho
1 abobrinha picada
1 cenoura ralada
azeite
sal
1 punhadão de temperos frescos (salsinha, cebolinha ou hortelã)
1 cubinho de caldo de legumes ou frango (opcional)

Em uma panela de pressão, refogue em um pouquinho de azeite a cebola, o alho e, por último, o frango inteiro. Jogue a abobrinha e a cenoura ralada e cubra com 2,5 litros de água. Feche a panela de pressão. Quando chiar, abaixe o fogo e espere 25 a 30 minutinhos. Desligue, abra e espete o frango pra fora da panela. Em um prato, pique grosseiramente e reserve. Se for usar o cubinho de caldo, essa é a hora de colocá-lo. Mesmo não usando o cubinho, você pode incrementar o caldo que está na panela com pimenta do reino e alho espremido (fica bom!). E pode também bater no liquidificador pra engrossar (eu tenho preguiça). Em geral, eu não coloco sal no cozimento de carnes - coloco só no fim. Bom, com o fogo ligado e com o caldo fervendo, você joga o capeletti na quantidade que quiser. Espere o tempo de cozimento, desligue, jogue o frango, os temperos frescos que tiver em casa, salgue, regue com um fio de azeite e sirva amorosamente. Bem quentinho. Equivale a alguém ajeitando o seu cobertor antes de um beijo na testa de boa noite.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Felicidade é tempo de alcachofra: Alcachofrinhas temperadas

Essa vida nômade, sem CLT, estimula um lado macunaímico e procrastinador em mim. Acabo trabalhando até a madrugada porque pareço uma gata rondando pela casa, abrindo a geladeira, ligando o som... e a tese, o projeto, os textos, a assessoria, vão se desenrolando muito mais lentamente em horário comercial do que deviam. Mas há benesses que lamentarei perder em breve, quando voltarei à labuta de 44 horas semanais. Uma delas é ir à feira durante a semana. É outra vibe, ainda mais 'nas' Mooca. Gostaria de tirar a manhã toda só pra ouvir os causos das senhorinhas, suas dicas para escolher os legumes e as receitas trocadas na própria banca. Tudo sem pressa e sem culpa (mas eu sou a rainha da culpa-cola e em geral saio carregada e correndo).

Bem, hoje a minha felicidade suprema foi a de ver finalmente que vem chegando às alcachofras! Li uma matéria maravilhosa de página inteira da Luiza Fecarotta na Folha outro dia sobre isso. Meus olhos brilhavam! Ela viu tudo! Comeu alcachofra recém-colhida! Lindo, lindo! Sou fã dos seus textos.

Hoje eu vou passar uma receita preguiçosa de alcachofra. Sei que na Itália ela é comida descascada e já fiz isso aqui em casa várias vezes, escalando meu filho para escravinho-vip. Mas isso é uma arte e o post de hoje é pra quem, como eu, está afins de comer alcachofra, mas com preguiça de se dedicar longamente ao preparo.

 Alcachofrinhas temperadas

500 g (ou 1 baciazinha de feira, ou 1 bandeja do sacolão) das menores alcachofras que você encontrar
2 galhos de cebolinha
3 galhos de salsinha
1 dente de alho bem picado
1/2 pimenta dedo-de-moça (sem semente), bem picadinha
1 limão (ou menos, se ele tiver com bastante suco)
azeite
sal

Lave as alcachofrinhas e pressione o topo da flor para fazer abrir as pétalas. Coloque na pressão, cubra com água, coloque sal. Depois de chiar, abaixe o fogo e espere 20 minutos. Abra a panela e veja se estão macias. Em um recipiente à parte, monte essa espécie de 'limonete': cebolinha e salsinhas picadas, alho, pimenta... e por fim, limão, azeite e sal. Misture com o garfo para incoporar o azeite. Escorra as alcachofras ainda mornas e jogue esse molhinho. Faça um esforcinho e tente jogar entre as pétalas. Eu sei, é uma lambuzeira danada.

Aí é só preparar muitos guardanapos e um prato para o cemitério de pétalas! Coma pétala por pétala e se delicie com o fundinho!O melhor é que, sendo menorzinhas, aquela barba no meio é também macia e comestível. É tudo doce, cremoso, contrastando com o limão. Fora que tem quase zero de caloria, você demora pra comer e reza a lenda que ainda queima gorduras extras! Você vai ficar com as mãos meladas de azeite, um pouco de bafo de alho, mas muito feliz. É ótimo acompanhamento para cervejas geladas em dias bonitos (e a caloria zero vai pro saco)! Felicidade é tempo de alcachofra. E tenho dito!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Fome da tarde: sanduíche de almeirão e ricota

Queridos, queridos leitores,

Eu sou daquele tipo que quanto mais coisa tem pra fazer no computador, mais tem fome. Se eu estiver em reuniões, telefonemas e conversações, me distraio. Mas se estiver, como agora, toureando um texto... tenho vontade de roer a mesa.
Essa receita é inspirada num mata-fome da minha infância remota.
Minha mãe tinha uma chacrinha em Suzano. Era um terreno íngreme, nada amistoso ou bonito. O lugar hoje, aliás, deve ter um comércio intenso: uma boca de fumo à direita e uns cativeiros pra aluguel.
Bom, enfim, voltando à comida. Lá dava muita coisa,  mas nada de paladar muito infantil - exceto amoras e nêsperas (que não matam fome, mancham a roupa, mas nos distraem). Minha nonna, como boa vêneta que tinha enfrentado a güerra, sempre improvisava algum mata-fome. Lá rolava sempre uma bendita salada de almeirão (que às vezes estava mais velho e amargo) que se comia com polenta mole ou com pão. Essa é a inspiração pra esse lanche, que eu queria comer agora!

Sandúíche de almeirão e ricota

Pão (pode ser qualquer um, mas um mais rústico fica melhor - italiano, 7 grãos, preto...)
1/2 maço de almeirão (pode ser do branquinho - pão-de-açúcar - ou do verde escuro)
1 fatia grossa de uma ricota boa (aquela que você confunde com o queijo branco no supermercado)
azeite extra virgem
limão
sal
pimenta do reino

Em uma panela, ferva de dois a três litros d'água. Jogue o almeirão lá e espere uns 4 minutos (ou mais, se você sentir que está muito durinho ainda). A idéia é que fique sempre al dente.
Escorra e jogue imediatamente água fria (se estiver num dia mais prendado, coloque em uma bacia com gelo, também. Reza a lenda que o choque térmico deixa mais crocante). Escorra.

Pique grosseiramente, tempere com limão, azeite, sal e pimenta. Regue com um fiozinho de azeite as duas fatias de pão. Esfarele a ricota (que, sendo boa, deve estar bem úmida, pegando na mão) em um dos lados, coloque uma montanha de almeirão úmido, feche essa beleza e abocanhe! Ai que fome!

Cês sabem que a mistura fica ótima com macarrão, também? Além da polenta mole... Aí, nesse caso, é abrir uma taça de vinho e ir compondo montinhos das três coisas - almeirão, ricota e polenta! Mas não rola fazer isso pra fome da tarde, certo?

Pasta de tofu, cebolinha e mostarda

Eu ando meio de saco cheio da dupla requeijão-cream cheese no café da manhã. Aí inventei de comprar tofu. É sempre um trambolho, mesmo o menor. Em casa sou praticamente a única que come o bicho puro, então sobra e estraga. Porque além de render, a coisa é super perecível. Bão, para tapear o paladar da nação - que não gosta de tofu por não ter gosto de nada - eu costumo fazer umas pastinhas. É sempre invenção com aquilo que tem na geladeira e encho do tempero que eu encontrar. Acho lindo, porque o tofu é mais leve, não tem lactose e por isso digere melhor. Aqui em casa faço questão de não usar shoyu nas pastas, pra que as pessoas esqueçam o registro japa do tal queijo e pensem nele como uma base neutra pra o que se quiser.

Pasta de tofu, cebolinha e mostarda

1/2 tofu (da bandeja grande - não faço idéia da medida)
3 cebolinhas
1 colher de sopa de mostarda
1 colher de sopa generosa e transbordante de azeite extra-virgem
pimenta do reino
sal

Jogue tudo no liquidificador, processador ou o raio que o parta e... pronto! Acerte o tempero, bote mais de uma coisa e menos de outra. Enfim. Besunte amorosamente seu pão, torrada, biscoito. Ou coma de colher (o povo aqui é rock and roll, benzinho!).

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Penne com polenguinho e atum

Esse é o típico prato praquele dia em que você olha pro seu armário e pensa: "não tenho p... nenhuma pra fazer". Aí você tem um insight, rouba polenguinhos do seu filho, abre uma lata de atum, joga um azeite e fica feliz! E a comida fica ótima. Coloquei penne aqui, mas você pode usar outro macarrão curto. Ah, e sabe aquele mini penne Barilla? Fica melhor ainda se você usá-lo! Vamos lá:

Penne com polenguinho e atum (para duas pessoas que comem como neandertais ou três que estejam bebendo e vão comer sobremesa!)

1/2 pacote de penne
4 polenguinhos (eu uso o light, pra fingir que é mais leve)
1 lata de atum em pedaços (em água, peloamor)
2 dentes de alho
azeite
pimenta do reino
salsinha fresca
azeitona preta e pimenta fresca (se quiser!)

Em uma panelinha, doure o alho no azeite (fica a seu critério laminar, picar, espremer...), misture o atum e mexa por uns 2, 3 minutinhos, em fogo alto. Se for usar a azeitona preta e a pimenta, essa é a hora de incluí-las. Abaixe o fogo, pique o menor que conseguir todo polenguinho e misture delicadamente no atum. Apague o fogo, jogue a salsinha picada, moa um pouco de pimenta do reino, acerte o sal. Coloque o molho sobre o penne cozido (al dente, grano duro ou integral) e regue com azeite extra-virgem (sempre extra, please).

Estilo garconière: queijo de cabra e caqui duro

Essa vai ser uma tag constante aqui nesse blog: estilo garçonière. É o tipo de comida que você pode desfrutar com sensualidade, sem ficar empanturrada, sem o risco de comprometer qualquer atividade amorosa mais ardente minutos depois. É sempre uma bobaginha prazerosa, pra acompanhar um vinhozinho cafajeste (não na qualidade, mas nas segundas intenções).

Não tem segredo, nessa sugestão. É comprar um bom queijo de cabra, daquele mais durinho, bem branco. E comprar aqueles caquis maiores, do tipo duro também. Ele tem de estar maduro (você não quer oferecer ao amor uma boca 'amarrada', certo?) O caqui escurece, então você vai ter que dar um jeito de cortá-lo sensualmente na hora de servir. Fica bom com vinho de sobremesa, com um frisante razoável... É quase uma bobagem, sugerir isso. Mas funciona! Garçocière suburbana, voilá!

Frango com quiabo, moyashi e açafrão

Outro dia tive 15 minutos e comprei um monte de coisas para cozinhar e deixar congeladas. Foi a primeira vez que fiz isso. Meu objetivo era deixar prontos pratos com proteínas e muitos legumes, pra não ficar improvisando sanduíches de pão integral, macarrão ou croissants da alucinante padaria embaixo do meu prédio (vocês não imaginam a tortura!). Meu problema são os carboidratos, e rola uma culpa desgraçada de ficar comendo à noite. É claro que eu como, mas se tiver um pratinho quente de outra coisa, me contenho e ele vira acompanhamento (risos).

Um dos pratos que mais deu certo na empreitada mulher-moderna-pseudo-saudável-revista-cláudia foi esse de frango. Rendeu umas 5 porções generosas. Vamos lá:

Frango com quiabo, moyashi e açafrão

1 kg de peito de frango em cubos
400 g de quiabo
300 g de moyashi
4 cm de açafrão da terra
4 dentes de alho
1 colher de chá de mostarda
azeite

Laminei o alho e dourei com um fio de azeite na frigideira funda (minha preferida, como vocês vão ver). Refoguei o frango até deixá-lo bem branquinho, quase dourando. Enquanto isso, lavei, sequei o quiabo (esse é o segredo pra controlar a baba, secá-lo) e piquei em 3 pedaços. Misturei o quiabo ao frango, ralei o açafrão da terra (que manchou a ponta de meus dedos de amarelo!), misturei a mostarda e deixei tudo ali, em fogo alto, por uns 5 a 7 minutos. Soltou um pouco de baba, claro, mas ficou verdinho e ainda al dente - do jeito que eu gosto. Nesse ponto, coloquei o moyashi, misturei ao restante do prato, esperei 2 minutinhos e desliguei. Depois de tudo pronto, pus o sal, esperei esfriar e congelei. Ficou bom! Almoçamos isso hoje.

Risone com shimeji, camarão e gengibre

Sou um desastre para medidas, então não se espantem com os meus 'aproximadamente'. Ah, e de repente, tô reiventando a roda. Mas o objetivo aqui é compartilhar coisas que cozinhei e deram certo.

A coisa rolou mais ou menos assim:

Risone com shimeji, camarão e gengibre

2 bandejinhas de shimeji (um branco e um escuro)
400 g de camarão médio (daqueles pré-cozidos, congelados)
5 cm de gengibre
3 dentes de alho
1/2 pacote de risone (macarrão que parece um arrozinho)
azeite
pimenta do reino
cebolinha
shoyu

Laminei o alho e dei uma dourada em uma frigideira funda, com um bom fio de azeite. Joguei o shimeji (dei uma fatiada nele, pra cozinhar melhor o talinho branco). Tudo em fogo alto. Em outra panela, descongelei o camarão no vapor. Quando o shimeji estava no ponto (com a parte branca al dente), misturei os camarões e ralei o gengibre. Abaixei o fogo. Cozinhei o macarrãozinho e o escorri uns dois minutinhos antes do cozimento ideal. Pus na frigideira, com o shimeji e o camarão. Piquei um tanto de cebolinha (acho que quase uma xícara) e misturei. Depois de dois minutos em fogo baixo, desliguei e servi. Reguei com um pouquinho de shoyu e moí a pimenta no prato, mesmo. Meu filho curtiu. Acho que ia ficar muito bom se eu tivesse em casa um vinho branco, pra jogar sobre o shimeji.
Essa em tese, é uma receita mais leve. Não chega a ser light, claro... Mas tem esse cheiro chinês, que fica bacanudo.

Antepasto

Caríssimos leitores,

Esse é um blog de receitas, mas a finalidade delas é única e exclusivamente comprar o afeto de alguém. Do seu flerte, dos pais, da sogra, dos filhos. É uma comida deliciosamente chantagista. Uma chantagem às vezes calórica, mas sempre do bem!

Tudo começou na minha infância. Gordinha e com um cabelo pavoroso, meus trunfos estavam sempre guardados na lancheira: pães feito em casa com patês, danoninhos, brigadeiros moles. Oferecer meu lanche em troca da amizade era tiro e queda!

E fui me especializando nisso: aprendi a cozinhar ainda adolescente, a escolher um vinho razoável (e só razoável, porque depois de adulta nunca tive dinheiro pra sair desse naipe), a oferecer almoços e jantares para os melhores amigos. Sempre foi uma maneira prazerosa de fidelizá-los.

Foi assim com o primeiro namorado sério - que lisonjeiramente me acusa de tê-lo feito voltar-se contra a comida de sua mamãe, com o cara que não queria nada além de uma relação casual - que acabou com uma aliança na mão esquerda, com o pai brabo, a mãe magoada, a irmã apaixonada, a sogra convalescente, o filho proto pré-adolescente, a amiga de paladar mais exigente.

E assim caminha minha chantagem. E assim também meu pânceps se desenvolve (fico tristíssima com a perspectiva de ter uma alimentação parecida com a dos animais do zoológico).

Gostaria, então, de compartilhar com vocês minhas experiências caseiras.

Algumas premissas: a coisa em geral tem de sair rápido, tem que ser colorida e tem que render bastante. E, essencialmente, tem de ser algo confortável (sorry, mas não tenho um talento gourmet e menos ainda pra uma cozinha com correção). Tento, na maioria das vezes, fazer coisas mais leves. Mas meu fraco são os carboidratos (vocês verão na sequência).

É isso. Aproveitem, participem!