terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Salada do filhote: Mistura tudo - tomate, pêra e queijo com balsâmico

Gostar de comer bem, como vocês tem visto por aqui, é mal de família no meu caso.
Meu filho sempre fez estilo garoto-chicória. Fã de saladas, amarguinhos, temperos todos, sempre me encheu de orgulho com seu paladar generoso. É do tipo que vai experimentar na vida grilos, gafanhotos e coisas que tais. Ultimamente, ele tem me pedido autorização pra cozinhar autoralmente (porque ele já faz um ótimo molho de tomate que é receita minha). Claro que sou a maior das entusiastas! E ele criou essa receitinha (eu palpitei só no balsâmico). É um escândalo. Sério!

Salada Mistura Tudo - tomate, pêra e queijo branco com balsâmico

Ingredientes:

1 pêra pequena (da Turma da Mônica, de preferência *-*)
1 tomate
uma fatia grossa de queijo branco
vinagre balsâmico
azeite extra-virgem
sal

Modo de preparo:
Pique tudo, tempere e ponha numa tigela!

Fácil, não? E delicioso! Filho de peixe, peixinho é!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Fome da tarde: sanduíche de queijo branco, tomate, aliche e hortelã

A fome da tarde hoje bateu no meio de muito calor. Acho lindo pessoas que perdem a fome no verão! Eu já sou das que orienta os desejos para coisas refrescantes, leves e não necessariamente lights.
Mas a receita de hoje é sim levinha. Surgiu da necessidade de aproveitar um maço de hortelã da geladeira.

Sanduíche de queijo branco, tomate, aliche e hortelã

pão francês
queijo branco
tomate
aliche
hortelã fresca
limão
sal
azeite

Macere o aliche com umas gotinhas de limão - comemos agora aqui uns 3 filés pequenos por pessoa nesse sanduíche. Fatie finamente o tomate e tempere com sal, limão, azeite e hortelã fresca picada. Abra o pãozinho, e coloque primeiro o tomate (com um pouco do caldinho e a hortelã), depois uma fatia grossa de queijo branco e depois o aliche. E coma!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sopa para D. Izabel: grão de bico, bacon e coentro

A D. Izabel era a querida avó do meu marido. Espanhola, lindíssima, cozinhou especialmente pra mim (e para o neto mimado, claro) coisas das quais nunca vou me esquecer: uma sopa que chamava de 'Ajo' (um caldo de bacalhau dessalgado e cação no qual se espreme muito alho cru, acompanhado de um purê levinho de batata), paella, saladas incríveis, pucheros com pezinhos de porco... Uma maravilha atrás da outra! Lembro do dia em que fiz um macarrão com legumes especialmente pra ela, bem leve, que a deixou entusiamada o suficiente pra me introduzir em alguns pequenos segredos de sua cozinha. Passei a ganhar azafrán, pimentón dulce e azeites - ingredientes essenciais pra preparar um belíssimo polvo-receita-de-família, com todos os truques e marras que só uma espanhola apaixonada por frutos do mar poderia ter me passado. Hoje, em sua homenagem, fiz uma sopa preguiçosa (e substanciosa) de grão de bico. Brindamos à D. Izabel com uma bela taça de vinho tinto e mais de um prato cheio!

Sopa para D. Izabel: grão de bico, bacon e coentro

3 caixinhas longa vida de grão de bico cozido (eu avisei que era pra preguiçosos a tal da sopa!)
200 gramas de bacon em cubinhos
4 dentes de alho
500 ml de água fervente
3 colheres de farinha de rosca (ou de farinha de tapioca) - opcional
2 pitadas de cominho (ou de masala)
1 pitada de noz moscada
1 pitada de pimenta do reino
1 pitada de canela
3 ramos de coentro fresco picado

Em uma panela funda, em fogo médio, refogue o bacon até que comece a soltar um pouco de sua gordura. Lamine os dentes de alho e misture ao bacon até que dourem. Jogue as três caixinhas de grão de bico e refogue no bacon e no alho. Mantenha o fogo médio e mexa de quando em vez por mais 5 minutos. Jogue a água fervente sobre o grão de bico e adicione todos os temperos secos citados acima. Caso não tenha nada disso em casa, tente ainda assim fazer a sopa, porque bacon e grão de bico são uma mistura genial. Tampe o caldo e esqueça-o lá por 15 minutos. Com um mixer ou com um liquidificador, bata metade dos grãos no caldo e o engrosse. Caso queira mais espesso ainda, adicione a farinha de rosca ou de tapioca. Veja se a consistência está do seu gosto e desligue o fogo. Acerte o sal. Jogue o coentro fresco picado por sobre a sopa e abafe. Sirva com um fio de azeite.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Frango com cogumelo, tomate cereja, azeitona preta e hortelã

Quando pequena, minha casa vivia de dieta. Para o meu pai, que nunca foi fã de arroz, sempre tinha um bife com legumes, acompanhado de batatas cozidas temperadas com azeite, cebolinha e pimenta do reino, além de uma salada crua. Os bifes nunca eram só bifes, claro. Neles a gente comia sempre muito cogumelo, pimentão e tomate, com uma salsinha pra colorir. Hoje fui ao supermercado sedenta por matéria prima pra um prato destes, mas muquinha que sou, vi que o frango estava em promoção e - voi lá- inventei (ou re-inventei a partir das receitas da minha mãe) esta receita que segue.

Frango com cogumelo, tomate cereja, azeitona preta e hortelã

4 filés médios de peito de frango (não muito grossos)
1 vidro pequeno de cogumelos
20 tomatinhos cereja
20 azeitonas pretas
4 dentes de alho
1 punhado pequeno de folhas de hortelã
sal, azeite e pimenta a gosto
2 fatias de bacon (opcional)

Em uma frigideira grossa e funda, aqueça um fio generoso de azeite em fogo alto. Salteie os filés de um dos lados para que não colem no fundo. Acomode-os lado a lado. Pique grosseiramente os dentes de alho e jogue-os por cima. Faça o mesmo com os cogumelos (quanto menores, nesse caso, mais saborosos). Cozinhe por mais 5 minutos deste primeiro lado, até dourarem. Salgue o lado mais cru, vire os filés e aguarde outros 5 minutos, até a outra face embranquecer. Nessa altura, os filés começarão a soltar um caldo bom, que é o que dará o gosto pro molho. Caso resolva usar o bacon, este é o momento de colocá-lo, misturando com o caldinho. Tire os caroços das azeitonas pretas (as sem caroço costumam ser mais ressecadas e com menos gosto), pique tudo e lance sobre o frango. Agora uma parte de lambança: com cuidado, esprema tomatinho por tomatinho sobre o frango e vá lançando o 'bagaço' também por cima. Abaixe o fogo, tampe a panela e cozinhe por mais 20 a 25 minutos, virando o frango e misturando o molho de quando em vez. O tempo de cozimento dependerá da espessura do filé. Desligue o fogo. Sobre o frango fumegante, despeje a hortelã picada também grosseiramente (é um prato grosseiro, afinal. uma coisa campônia - rs). Abafe por 5 minutos. Sirva com uma saladinha fresca!

Salada de pupunha e coentro

Queridos,

Serão duas as receitas inventadas hoje. Primeiro a saladinha, o acompanhamento. Fresca! Viva o verão!

1 vidro de palmito pupunha (pode ser picado)
3 galhos de coentro (sem os talinhos)
1/2 limão
1 colher de sopa de mel
1 colher generosa de azeite extra virgem
sal a gosto

Pique bem o coentro. Jogue por cima do palmito pupunha picado (ou em rodelas). Coloque um pouquinho de sal, o mel, o limão e o azeite. Misture. Espere uns 5 minutinhos... e coma! Quanto quiser! É light! (risos)

sábado, 20 de novembro de 2010

Fusilli de frutos do mar e alho poró

Queridos convivas virtuais,

Estou sumida dessas bandas. Prestes a mudar de cidade (que, aliás, me renderá um sem número de receitas!), estou trabalhando muito. Tenho tido pouco tempo pra ir ao supermercado e cozinhar decentemente.
A alimentação familiar passou a girar em torno dos seguintes ingredientes: grãos de caixinha (vocês já viram essa linha da 'Quero', prima pobre da 'Camil', com feijões e grãos cozidos em caixinhas de longa vida? Genial!), atum e sardinha enlatados, aspargos em vidro e legumes resistentes ao tempo (como cenouras e repolhos). Toda e qualquer mistura envolvendo esses ingredientes já foi testada por aqui, regada de azeite, mostarda, azeitona ou alcaparra. Parece gostoso, eu sei. Mas experimente viver um mês assim e entenderão a felicidade do meu filho com meu almoço de hoje.
Minha mãe e irmã trouxeram os ingredientes e meu trabalho foi só encostar a barriga no fogão.

3/4 de caixa de 500 g fusilli grano duro
1 alho poró
150 gramas de vôngole sem casca
150 gramas de lulinhas picadas
100 gramas de camarão médio
4 palitos de kani kama
1 lata de creme de leite
1 vidrinho de leite de coco light
1 colher de café de pimenta calabresa
1 xícara de coentro fresco picado (ou salsinha para os paladares mais mornos)
azeite extra virgem e sal

Coloque a água do macarrão pra ferver (tenho por hábito salgar a água só quando já borbulhante). Em uma panela média, refogue ligeiramente o alho poró picado em um fio generoso de azeite. Quando ele tiver dado uma murchada, coloque o vôngole e as lulinhas bem picadas. Quando sentir que a mistura está úmida, mas não agüada, abaixe o fogo. Na água fervente do macarrão, escalde por uns dois minutos o camarão lavado com casca até que ele pegue uma corzinha. Retire com uma escumadeira, esfrie em água corrente, tire a casca, pique grosseiramente e jogue no molho. Misture a ele o creme de leite, o leite de coco, a pimenta e o sal. Aumente o fogo e desligue quando o molho atingir a primeira fervura. Com o fogo apagado, jogue o kani kama picado e o coentro (em geral, as pessoas que não gostam de coentro tem a lembrança dele exaustivamente cozido. Quando colocado fresco no final, o sabor fica mais suave.). Essa receita rende o suficiente para 4 glutões esfaimados. Caso prefira macarrão com menos molho, use a caixa inteira de macarrão sem pudor e regue com azeite. Pode ser servido frio, também. Fica ótimo.

sábado, 16 de outubro de 2010

Macaquice: molho de endro ou o segredo do Big Méque

Toda vez que vou ao Mercado Municipal de São Paulo, quem me acompanha quer confiscar todas as minhas formas de pagamento, incluindo relógios, celulares e crianças ao alcance.
Eu fico louca, ensandecida, como um cocker spaniel caramelo de apartamento recém libertado em um parque. Nunca sei por onde começar. Tudo é perecível, em quantidades nababescas, e caríssimo, caríssimo. 
Em geral, um dos lugares do qual tenho de ser arrancada - além da banca de queijos e azeitonas - é a loja de temperos. São pacotes relativamente grandes contendo mil maravilhas, pendurados sobre a sua cabeça, exibidos, abusados. Eu quero sempre um pouco de tudo, e fico triste ao pensar que sempre vai sobrar um monte de coisas, ou que as pessoas em casa vão comer pão com manteiga e tomilho, pra não estragar.

Mas, num belo dia, comprei uma sementinha genial: endro, também conhecido como dill.
Você vê em bons mercados para vender o macinho, de folhas fininhas, verde claras, um quase parente da folhinha de erva doce. É bem comum usarem em pratos com salmão defumado e cream cheese - uma delícia. Mas lá no Mercadão, são vendidas as sementes, que te proporcionam outra experiência.

Faça o teste e depois me diga se não fica metido a molho especial do Big Mac. Será que é esse o segredo?

2 colheres de endro (semente)
1/2 dente de alho
2 colheres de sopa de maionese
1 colher de café de ketchup
1 colher de café de mostarda
1 pingo de molho inglês
1/4 de cebola picada

Macere grosseiramente as sementes de endro. Esprema o alho. Misture o restante. Veja se é do seu paladar, porque isso aqui é inventado, minha gente! Abaixo a correção!

Dá pra tapear o Ronald ou o paladar temperamental do seu filho?
Mas, enfim, o molho fiz uma única vez. Aqui em casa ninguém é muito fã de maionese ou ketchup. Só com hambúrguer mesmo, e olha lá. O que eu faço sempre, sempre, é salada de tomate com endro e cebola! É mais leve e te dá um registro trash de fast food!

Abóbora paulista assada com sal grosso e alecrim

Ultimamente tenho testado esquemas de fazer legumes ao forno, sempre com sal grosso e dentes de alho inteiros. Em geral, é cortar os legumes em pedaços grandes em uma assadeira, polvilhar o que tiver à mão - orégano, pimenta seca, canela - regar com um pouco de azeite e mel se você gostar de uma coisa mais agridoce. Aí você cobre com alumínio e assa em fogo baixo pra médio por 20 a 30 minutos, tirando o alumínio pra dourar (ou secar, dependendo do legume) por mais 10 minutos sem a cobertura. Aí você olha o ponto e fica atenta pra não queimar!

Eu não sou a rainha das texturas ou do ponto certo. Costumo picar e assar aquilo que vai estragar em um dia ou dois na geladeira - como abobrinhas, berinjelas, batatas e cebolas. Tudo junto, misturado, bastante temperado. Em geral, uma coisa vira uma pasta, outra fica mais al dente, outra some com o resto. Mas eu me sinto saudável, rende e é gostoso.

Como a louça não é de minha responsabilidade, quem não se entusiasma muito com essa metodologia é meu nobre cônjuge, afinal, está pra surgir uma coisa mais chatinha do que lavar uma assadeira. Se você não for muquinha, forre com alumínio a parte de baixo, dê uma besutada de azeite e coloque os legumes ali. É mais prático.

Mas, enfim, a receita de hoje vem de uma paixonite minha: abóbora paulista. Sabe qual é? Aquela pequena, verde escura com estrias alaranjadas, em formato de cabaça! Em casa, minha mãe fazia na pressão e temperava, ainda morna com sal, limão, pimenta do reino e cebolinha. Ficava um escândalo.

Mas inventei de fazer a danada assada:

2 abóboras paulistas
4 dentes de alho inteiros, com casca
sal grosso
alecrim fresco
azeite extra-virgem

Pré-aqueça o forno uns 5 minutos, em fogo baixo. Corte a abóbora paulista em pedaços irregulares, com espessura de uns 2 a 3 centímetros (um dedo e meio!) e retire as sementes. Coloque a abóbora numa assadeira pequena, regue com um fio de azeite, jogue um punhadinho de sal grosso (1 colher de sopa) e uns 3 ramos de alecrim (se você não é super ultra fã, coloque o galinho inteiro por cima e só algumas folhinhas soltas). Lave os dentes de alho com casca e jogue-os inteiros entre os pedaços de abóbora (eu costumo emagá-los com casca, pressionando o cabo da faca sobre o dente. Eles soltam o gosto, mas não marcam o sabor a não ser que você pesque o dente inteiro!)

Cubra a assadeira com papel alumínio e deixe no forno baixo pra médio por 30 minutos. Descubra e veja se está cozida no ponto em que gosta. O ideal é que esteja al dente, nesse momento. Volte a assadeira pro forno e deixe dourar por, no máximo, 10 minutos. A abóbora, em geral, doura mais rápido que outros legumes ("doura" é quase força de expressão, porque ela dá é uma secada!). Fiquem de olho o tempo inteiro. Meu forno é um desastre - os bolos crescem como rampas de skate - e sempre dá uma tostada.. E, pronto. Tá feito!

Fica bom com carne mais gordurosa - picanha, bisteca, linguiça - acompanhada de uma salada de almeirão ou agrião, amarga.

domingo, 10 de outubro de 2010

Salada de tomates, pêssegos e azeitonas pretas

É domingo, o dia em que mais tenho vontade de comer (veja bem, não coloquei a palavra 'fome').
Ainda que tenha almoçado fartamente e tentado compensar o sorvete da tarde com uma sopinha de aveia de pacotinho, não consegui evitar a gula noturníca (inspirada no Bento Carneiro) e abri a geladeira pra ver o que ali se oferecia. Improvisei a seguinte salada e me arrependi de não ter duplicado a receita:

2 pêssegos maduros
2 tomates
1 punhado de azeitonas pretas
salsinha desidratada
limão
sal
azeite extra virgem

Pique os pêssegos, os tomates e as azeitonas pretas. Tempere com sal, limão, azeite e salsinha desidratada. Zé fini! Já fiquei com vontade de fazê-la para acompanhar um peixinho assado ou grelhado, como uma anchova. Acho que orna!

domingo, 3 de outubro de 2010

Fome da tarde: tostex de polenghi, espinafre e tomate

Esse tostex fica uma delícia, principalmente pelo contraste do queijo adocicado com o espinafre. Mas aqui eu não coloco o polenghi de pacotinho, e sim aquele de bandeja (de fatias individuais). Gosto daquele mais amarelinho pra esse lanche. Segue a receita:

1/2 maço de espinafre fresco
300 g de queijo tipo polenghi fatiado
1 tomate
pão de forma (integral e light, de preferência)

Escalde o espinafre em água fervente por 5 minutos. Escorra, jogue água fria e reserve. Recheie duas fatias de pão integral com queijo, o espinafre e fatias de tomate (jogue um salzinho e um fio de azeite). Toste ou na forminha de boca de fogão (de tostex) ou na maquininha. Sirva com mostarda! Com esse tanto de recheio, dá pra fazer uns 3 ou 4 sanduíches.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Farfalle com rúcula, tomate, leite de coco e gergelim

Tá, eu sei. Esse nome aí é invenção pura. Assim como o prato. Mas, gente, o que querem que eu faça se minha despensa não é lá muito ortodoxa?

Farfalle (borboleta) com rúcula, tomate, leite de coco e gergelim (para 3 neandertais com fome moderada)

1/2 pacote de farfalle grano duro
3 tomates maduros
1 maço médio de rúcula
1 vidrinho de leite de coco light
2 colheres de sopa de gergelim
2 alho
pimenta
gengibre (se você tiver)

Coloque a água do macarrão pra ferver. Não coloque o tradicional fio de óleo (o molho escorrega!). Quando a água ferver, comece a fazer o molho. Em uma frigideira funda, média (se tiver uma wok, é uma boa pedida), doure 2 dentes de alho laminados e umas fatias grossas de gengibre (eu normalmente retiro na hora de servir, então deixo pedaçudo, mesmo). Pique os tomates mui grosseiramente e dê uma refogada por uns 3 minutos. Rasgue a rúcula com as mãos e misture ao tomate. Abaixe o fogo e aguarde mais 3 minutos. Derrame por cima o leite de coco, o gergelim, acerte o sal e apimente do jeito que quiser (com coco, eu gosto é de uma pimenta arretada!). Jogue o macarrão para ferver e retire 2 minutos antes do tempo de cozimento ideal. Escorra (mas sem jogar água fria - que paralisa o cozimento) e jogue na frigideira com o molho. Aguarde 1 minutinho e sirva! Fica cremosinho, bom!
Fica bom também com hondashi (sabe aquele temperinho de arroz japonês?), camarãozinho seco (aí você coloca junto com o leite de coco) ou fresco (feito no vapor - coloque também com o leite de coco). Testem as variantes e me contem!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Do reino das pequenas felicidades: damasco e chocolate amargo

Esse aqui não é um blog de gastronomia. É mais uma válvula de escape culinária, um lugar pra encontrar coisas boas e confortáveis.
Hoje, de tão cansada, não consegui nem pensar em nada acontecendo na cozinha. Talvez seja uma pavorosa louça suja me assustando na pia, o cansaço de ter descido e subido a serra, as duzentas pendências. Ataquei uma sopinha de aveia, de pacote.
Mas o destaque da noite ficou pra essa bobagem que adoro: damascos com chocolate amargo. Corto um quadrado de um chocolate bom, coloco um damasco macio sobre ele e mordo amorosamente a dupla, depositando ali todo meu desgaste, minha necessidade de colo, meus prazeres desditos, meu desejo de bons sonhos.

domingo, 26 de setembro de 2010

Picardias: purêzinho de jiló

Hoje foi um daqueles domingos frios, em que a gente fica morrendo de fome (pra falar a verdade, isso não é privilégio de domingos, ou de dias frios!) e querendo fazer alguma picardia gastronômica. Eu optei por uma mineirice, herança da avó de uma das minhas melhores amigas. É um purêzinho de jiló, especialmente delicioso se acompanhado de um ovo frito, com gema mole. Eu sei, eu sei. O ovo não é muito light. Mas o purê, sim!

Purêzinho de jiló

500 g de jiló
4 dentes de alho
azeite
1/2 pimenta dedo de moça sem semente
1/4 limão
salsinha

Descasque o jiló e coloque-o em um recipiente com água e limão (pra não escurecer). Pique-os bem pequeninhos. Em uma panela, doure levemente os 4 dentes de alho e a pimenta, laminados. Coloque o jiló picadinho e refogue até que comece a amolecer. Se necessário, coloque aos poucos água, pra que o jiló derreta. O cozimento demora uns 20 minutinhos. Você pode abaixar o fogo, se o jiló soltar bastante água. Saber o ponto é fácil: tem de estar macio! Apague o fogo, acerte o sal, esprema 1/4 do limão, coloque um punhado de salsinha e regue com um fiozinho de azeite extra-virgem.

Se você for suficientemente abusado, vai fazer arroz branco ou comprar um pão francês quente. E usar e abusar do purêzinho de jiló... e do ovo frito!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Jururuzice: capeletti in brodo

Tem dias em que a gente precisa ser cuidado. Ser cuidado mesmo, não mimado. Dias em que a gente tem notícias realmente ruins, que fazem nossas picuinhas de trabalho, nossas solitudes melindrosas, o trânsito, o cheque especial, o cachorro do vizinho, soarem ridículos. Nesses dias, em geral, até quem é mais glutão perde a fome. Tudo fica pálido e insosso. Hoje foi um dia desses, mas não pra mim. E me vi com esse desafio, o de cuidar. E do cuidado se estender à comida, amorosamente, atentando em não invadir o paladar com nenhuma experiência perturbadora. Pensei em uma coisa macia, quente, confortável, sem pretensão alguma, sem receita fechada.

Capeletti in brodo (para 3 neandertais feridos)

1 pacote de capeletti seco ou fresco (tem um Renata, de carne, pacotinho azul, seco, bem bom pra brodo)
1 peito de frango com osso, sem pele (ou 1 sobrecoxa grande)
1 cebola
3 dentes de alho
1 abobrinha picada
1 cenoura ralada
azeite
sal
1 punhadão de temperos frescos (salsinha, cebolinha ou hortelã)
1 cubinho de caldo de legumes ou frango (opcional)

Em uma panela de pressão, refogue em um pouquinho de azeite a cebola, o alho e, por último, o frango inteiro. Jogue a abobrinha e a cenoura ralada e cubra com 2,5 litros de água. Feche a panela de pressão. Quando chiar, abaixe o fogo e espere 25 a 30 minutinhos. Desligue, abra e espete o frango pra fora da panela. Em um prato, pique grosseiramente e reserve. Se for usar o cubinho de caldo, essa é a hora de colocá-lo. Mesmo não usando o cubinho, você pode incrementar o caldo que está na panela com pimenta do reino e alho espremido (fica bom!). E pode também bater no liquidificador pra engrossar (eu tenho preguiça). Em geral, eu não coloco sal no cozimento de carnes - coloco só no fim. Bom, com o fogo ligado e com o caldo fervendo, você joga o capeletti na quantidade que quiser. Espere o tempo de cozimento, desligue, jogue o frango, os temperos frescos que tiver em casa, salgue, regue com um fio de azeite e sirva amorosamente. Bem quentinho. Equivale a alguém ajeitando o seu cobertor antes de um beijo na testa de boa noite.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Felicidade é tempo de alcachofra: Alcachofrinhas temperadas

Essa vida nômade, sem CLT, estimula um lado macunaímico e procrastinador em mim. Acabo trabalhando até a madrugada porque pareço uma gata rondando pela casa, abrindo a geladeira, ligando o som... e a tese, o projeto, os textos, a assessoria, vão se desenrolando muito mais lentamente em horário comercial do que deviam. Mas há benesses que lamentarei perder em breve, quando voltarei à labuta de 44 horas semanais. Uma delas é ir à feira durante a semana. É outra vibe, ainda mais 'nas' Mooca. Gostaria de tirar a manhã toda só pra ouvir os causos das senhorinhas, suas dicas para escolher os legumes e as receitas trocadas na própria banca. Tudo sem pressa e sem culpa (mas eu sou a rainha da culpa-cola e em geral saio carregada e correndo).

Bem, hoje a minha felicidade suprema foi a de ver finalmente que vem chegando às alcachofras! Li uma matéria maravilhosa de página inteira da Luiza Fecarotta na Folha outro dia sobre isso. Meus olhos brilhavam! Ela viu tudo! Comeu alcachofra recém-colhida! Lindo, lindo! Sou fã dos seus textos.

Hoje eu vou passar uma receita preguiçosa de alcachofra. Sei que na Itália ela é comida descascada e já fiz isso aqui em casa várias vezes, escalando meu filho para escravinho-vip. Mas isso é uma arte e o post de hoje é pra quem, como eu, está afins de comer alcachofra, mas com preguiça de se dedicar longamente ao preparo.

 Alcachofrinhas temperadas

500 g (ou 1 baciazinha de feira, ou 1 bandeja do sacolão) das menores alcachofras que você encontrar
2 galhos de cebolinha
3 galhos de salsinha
1 dente de alho bem picado
1/2 pimenta dedo-de-moça (sem semente), bem picadinha
1 limão (ou menos, se ele tiver com bastante suco)
azeite
sal

Lave as alcachofrinhas e pressione o topo da flor para fazer abrir as pétalas. Coloque na pressão, cubra com água, coloque sal. Depois de chiar, abaixe o fogo e espere 20 minutos. Abra a panela e veja se estão macias. Em um recipiente à parte, monte essa espécie de 'limonete': cebolinha e salsinhas picadas, alho, pimenta... e por fim, limão, azeite e sal. Misture com o garfo para incoporar o azeite. Escorra as alcachofras ainda mornas e jogue esse molhinho. Faça um esforcinho e tente jogar entre as pétalas. Eu sei, é uma lambuzeira danada.

Aí é só preparar muitos guardanapos e um prato para o cemitério de pétalas! Coma pétala por pétala e se delicie com o fundinho!O melhor é que, sendo menorzinhas, aquela barba no meio é também macia e comestível. É tudo doce, cremoso, contrastando com o limão. Fora que tem quase zero de caloria, você demora pra comer e reza a lenda que ainda queima gorduras extras! Você vai ficar com as mãos meladas de azeite, um pouco de bafo de alho, mas muito feliz. É ótimo acompanhamento para cervejas geladas em dias bonitos (e a caloria zero vai pro saco)! Felicidade é tempo de alcachofra. E tenho dito!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Fome da tarde: sanduíche de almeirão e ricota

Queridos, queridos leitores,

Eu sou daquele tipo que quanto mais coisa tem pra fazer no computador, mais tem fome. Se eu estiver em reuniões, telefonemas e conversações, me distraio. Mas se estiver, como agora, toureando um texto... tenho vontade de roer a mesa.
Essa receita é inspirada num mata-fome da minha infância remota.
Minha mãe tinha uma chacrinha em Suzano. Era um terreno íngreme, nada amistoso ou bonito. O lugar hoje, aliás, deve ter um comércio intenso: uma boca de fumo à direita e uns cativeiros pra aluguel.
Bom, enfim, voltando à comida. Lá dava muita coisa,  mas nada de paladar muito infantil - exceto amoras e nêsperas (que não matam fome, mancham a roupa, mas nos distraem). Minha nonna, como boa vêneta que tinha enfrentado a güerra, sempre improvisava algum mata-fome. Lá rolava sempre uma bendita salada de almeirão (que às vezes estava mais velho e amargo) que se comia com polenta mole ou com pão. Essa é a inspiração pra esse lanche, que eu queria comer agora!

Sandúíche de almeirão e ricota

Pão (pode ser qualquer um, mas um mais rústico fica melhor - italiano, 7 grãos, preto...)
1/2 maço de almeirão (pode ser do branquinho - pão-de-açúcar - ou do verde escuro)
1 fatia grossa de uma ricota boa (aquela que você confunde com o queijo branco no supermercado)
azeite extra virgem
limão
sal
pimenta do reino

Em uma panela, ferva de dois a três litros d'água. Jogue o almeirão lá e espere uns 4 minutos (ou mais, se você sentir que está muito durinho ainda). A idéia é que fique sempre al dente.
Escorra e jogue imediatamente água fria (se estiver num dia mais prendado, coloque em uma bacia com gelo, também. Reza a lenda que o choque térmico deixa mais crocante). Escorra.

Pique grosseiramente, tempere com limão, azeite, sal e pimenta. Regue com um fiozinho de azeite as duas fatias de pão. Esfarele a ricota (que, sendo boa, deve estar bem úmida, pegando na mão) em um dos lados, coloque uma montanha de almeirão úmido, feche essa beleza e abocanhe! Ai que fome!

Cês sabem que a mistura fica ótima com macarrão, também? Além da polenta mole... Aí, nesse caso, é abrir uma taça de vinho e ir compondo montinhos das três coisas - almeirão, ricota e polenta! Mas não rola fazer isso pra fome da tarde, certo?

Pasta de tofu, cebolinha e mostarda

Eu ando meio de saco cheio da dupla requeijão-cream cheese no café da manhã. Aí inventei de comprar tofu. É sempre um trambolho, mesmo o menor. Em casa sou praticamente a única que come o bicho puro, então sobra e estraga. Porque além de render, a coisa é super perecível. Bão, para tapear o paladar da nação - que não gosta de tofu por não ter gosto de nada - eu costumo fazer umas pastinhas. É sempre invenção com aquilo que tem na geladeira e encho do tempero que eu encontrar. Acho lindo, porque o tofu é mais leve, não tem lactose e por isso digere melhor. Aqui em casa faço questão de não usar shoyu nas pastas, pra que as pessoas esqueçam o registro japa do tal queijo e pensem nele como uma base neutra pra o que se quiser.

Pasta de tofu, cebolinha e mostarda

1/2 tofu (da bandeja grande - não faço idéia da medida)
3 cebolinhas
1 colher de sopa de mostarda
1 colher de sopa generosa e transbordante de azeite extra-virgem
pimenta do reino
sal

Jogue tudo no liquidificador, processador ou o raio que o parta e... pronto! Acerte o tempero, bote mais de uma coisa e menos de outra. Enfim. Besunte amorosamente seu pão, torrada, biscoito. Ou coma de colher (o povo aqui é rock and roll, benzinho!).

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Penne com polenguinho e atum

Esse é o típico prato praquele dia em que você olha pro seu armário e pensa: "não tenho p... nenhuma pra fazer". Aí você tem um insight, rouba polenguinhos do seu filho, abre uma lata de atum, joga um azeite e fica feliz! E a comida fica ótima. Coloquei penne aqui, mas você pode usar outro macarrão curto. Ah, e sabe aquele mini penne Barilla? Fica melhor ainda se você usá-lo! Vamos lá:

Penne com polenguinho e atum (para duas pessoas que comem como neandertais ou três que estejam bebendo e vão comer sobremesa!)

1/2 pacote de penne
4 polenguinhos (eu uso o light, pra fingir que é mais leve)
1 lata de atum em pedaços (em água, peloamor)
2 dentes de alho
azeite
pimenta do reino
salsinha fresca
azeitona preta e pimenta fresca (se quiser!)

Em uma panelinha, doure o alho no azeite (fica a seu critério laminar, picar, espremer...), misture o atum e mexa por uns 2, 3 minutinhos, em fogo alto. Se for usar a azeitona preta e a pimenta, essa é a hora de incluí-las. Abaixe o fogo, pique o menor que conseguir todo polenguinho e misture delicadamente no atum. Apague o fogo, jogue a salsinha picada, moa um pouco de pimenta do reino, acerte o sal. Coloque o molho sobre o penne cozido (al dente, grano duro ou integral) e regue com azeite extra-virgem (sempre extra, please).

Estilo garconière: queijo de cabra e caqui duro

Essa vai ser uma tag constante aqui nesse blog: estilo garçonière. É o tipo de comida que você pode desfrutar com sensualidade, sem ficar empanturrada, sem o risco de comprometer qualquer atividade amorosa mais ardente minutos depois. É sempre uma bobaginha prazerosa, pra acompanhar um vinhozinho cafajeste (não na qualidade, mas nas segundas intenções).

Não tem segredo, nessa sugestão. É comprar um bom queijo de cabra, daquele mais durinho, bem branco. E comprar aqueles caquis maiores, do tipo duro também. Ele tem de estar maduro (você não quer oferecer ao amor uma boca 'amarrada', certo?) O caqui escurece, então você vai ter que dar um jeito de cortá-lo sensualmente na hora de servir. Fica bom com vinho de sobremesa, com um frisante razoável... É quase uma bobagem, sugerir isso. Mas funciona! Garçocière suburbana, voilá!

Frango com quiabo, moyashi e açafrão

Outro dia tive 15 minutos e comprei um monte de coisas para cozinhar e deixar congeladas. Foi a primeira vez que fiz isso. Meu objetivo era deixar prontos pratos com proteínas e muitos legumes, pra não ficar improvisando sanduíches de pão integral, macarrão ou croissants da alucinante padaria embaixo do meu prédio (vocês não imaginam a tortura!). Meu problema são os carboidratos, e rola uma culpa desgraçada de ficar comendo à noite. É claro que eu como, mas se tiver um pratinho quente de outra coisa, me contenho e ele vira acompanhamento (risos).

Um dos pratos que mais deu certo na empreitada mulher-moderna-pseudo-saudável-revista-cláudia foi esse de frango. Rendeu umas 5 porções generosas. Vamos lá:

Frango com quiabo, moyashi e açafrão

1 kg de peito de frango em cubos
400 g de quiabo
300 g de moyashi
4 cm de açafrão da terra
4 dentes de alho
1 colher de chá de mostarda
azeite

Laminei o alho e dourei com um fio de azeite na frigideira funda (minha preferida, como vocês vão ver). Refoguei o frango até deixá-lo bem branquinho, quase dourando. Enquanto isso, lavei, sequei o quiabo (esse é o segredo pra controlar a baba, secá-lo) e piquei em 3 pedaços. Misturei o quiabo ao frango, ralei o açafrão da terra (que manchou a ponta de meus dedos de amarelo!), misturei a mostarda e deixei tudo ali, em fogo alto, por uns 5 a 7 minutos. Soltou um pouco de baba, claro, mas ficou verdinho e ainda al dente - do jeito que eu gosto. Nesse ponto, coloquei o moyashi, misturei ao restante do prato, esperei 2 minutinhos e desliguei. Depois de tudo pronto, pus o sal, esperei esfriar e congelei. Ficou bom! Almoçamos isso hoje.

Risone com shimeji, camarão e gengibre

Sou um desastre para medidas, então não se espantem com os meus 'aproximadamente'. Ah, e de repente, tô reiventando a roda. Mas o objetivo aqui é compartilhar coisas que cozinhei e deram certo.

A coisa rolou mais ou menos assim:

Risone com shimeji, camarão e gengibre

2 bandejinhas de shimeji (um branco e um escuro)
400 g de camarão médio (daqueles pré-cozidos, congelados)
5 cm de gengibre
3 dentes de alho
1/2 pacote de risone (macarrão que parece um arrozinho)
azeite
pimenta do reino
cebolinha
shoyu

Laminei o alho e dei uma dourada em uma frigideira funda, com um bom fio de azeite. Joguei o shimeji (dei uma fatiada nele, pra cozinhar melhor o talinho branco). Tudo em fogo alto. Em outra panela, descongelei o camarão no vapor. Quando o shimeji estava no ponto (com a parte branca al dente), misturei os camarões e ralei o gengibre. Abaixei o fogo. Cozinhei o macarrãozinho e o escorri uns dois minutinhos antes do cozimento ideal. Pus na frigideira, com o shimeji e o camarão. Piquei um tanto de cebolinha (acho que quase uma xícara) e misturei. Depois de dois minutos em fogo baixo, desliguei e servi. Reguei com um pouquinho de shoyu e moí a pimenta no prato, mesmo. Meu filho curtiu. Acho que ia ficar muito bom se eu tivesse em casa um vinho branco, pra jogar sobre o shimeji.
Essa em tese, é uma receita mais leve. Não chega a ser light, claro... Mas tem esse cheiro chinês, que fica bacanudo.

Antepasto

Caríssimos leitores,

Esse é um blog de receitas, mas a finalidade delas é única e exclusivamente comprar o afeto de alguém. Do seu flerte, dos pais, da sogra, dos filhos. É uma comida deliciosamente chantagista. Uma chantagem às vezes calórica, mas sempre do bem!

Tudo começou na minha infância. Gordinha e com um cabelo pavoroso, meus trunfos estavam sempre guardados na lancheira: pães feito em casa com patês, danoninhos, brigadeiros moles. Oferecer meu lanche em troca da amizade era tiro e queda!

E fui me especializando nisso: aprendi a cozinhar ainda adolescente, a escolher um vinho razoável (e só razoável, porque depois de adulta nunca tive dinheiro pra sair desse naipe), a oferecer almoços e jantares para os melhores amigos. Sempre foi uma maneira prazerosa de fidelizá-los.

Foi assim com o primeiro namorado sério - que lisonjeiramente me acusa de tê-lo feito voltar-se contra a comida de sua mamãe, com o cara que não queria nada além de uma relação casual - que acabou com uma aliança na mão esquerda, com o pai brabo, a mãe magoada, a irmã apaixonada, a sogra convalescente, o filho proto pré-adolescente, a amiga de paladar mais exigente.

E assim caminha minha chantagem. E assim também meu pânceps se desenvolve (fico tristíssima com a perspectiva de ter uma alimentação parecida com a dos animais do zoológico).

Gostaria, então, de compartilhar com vocês minhas experiências caseiras.

Algumas premissas: a coisa em geral tem de sair rápido, tem que ser colorida e tem que render bastante. E, essencialmente, tem de ser algo confortável (sorry, mas não tenho um talento gourmet e menos ainda pra uma cozinha com correção). Tento, na maioria das vezes, fazer coisas mais leves. Mas meu fraco são os carboidratos (vocês verão na sequência).

É isso. Aproveitem, participem!